Ração contaminada pode ter causado a morte de mais de 600 cavalos no Brasil; Guaxupé, Guaranésia e Muzambinho registraram mortes

03.07.2025

MAPA determinou recolhimento imediato das rações da empresa fabricadas desde novembro de 2024.

Uma possível contaminação em rações destinadas a cavalos pode ter provocado a morte de mais de 600 animais em diversos estados brasileiros desde abril deste ano. A suspeita recai sobre produtos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal, cuja fábrica, localizada em Itumbiara (GO), foi interditada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) após a identificação de “indícios de contaminação”.

As investigações indicam que a ração pode ter sido contaminada por monocrotalina, substância tóxica presente em plantas do gênero Crotalaria, conhecida por causar danos graves ao fígado, rins e sistema nervoso dos animais. Em alguns casos, também houve suspeita de contaminação por monensina, um aditivo letal para equinos, comum em rações destinadas a ruminantes.

A crise teve início no Rio de Janeiro e, rapidamente, se espalhou para estados como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas. Além das centenas de mortes confirmadas, há relatos de animais sobreviventes com sintomas graves, incluindo apatia, dificuldades motoras, falhas hepáticas e neurológicas. O Ministério da Agricultura contabiliza, até o momento, ao menos 122 mortes confirmadas e outras dezenas em investigação.

A Nutratta afirma que ainda não há comprovação definitiva da ligação entre seus produtos e as mortes, mas diz estar colaborando com as autoridades. O Mapa determinou o recolhimento imediato de todos os lotes fabricados a partir de novembro de 2024 e a suspensão das vendas em todo o território nacional.

Enquanto as investigações continuam, criadores enfrentam prejuízos elevados e tentam salvar os animais afetados. Em alguns casos, os custos para o tratamento ultrapassam R$ 30 mil por cavalo. 

Guaxupé, Guaranésia e Muzambinho registraram mortes de cavalos por ração contaminada

As cidades de Guaxupé, Guaranésia e Muzambinho foram diretamente afetadas pela distribuição de produtos da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda., proibidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) após a constatação de substâncias tóxicas nas fórmulas.

Em Guaxupé, cinco cavalos morreram em decorrência do consumo da ração contaminada. Guaranésia registrou o maior número de óbitos entre as três cidades: oito animais perderam a vida. Já em Muzambinho, ao menos um cavalo foi vitimado, conforme levantamento nacional feito a partir de relatos de donos de cavalos.

Os dados foram coletados pela advogada Alessandra Agarussi, que representa o interesse de proprietários de cavalos infectados. Ela reuniu informações compartilhadas até esta terça-feira (1º) em um grupo no WhatsApp chamado “Vítimas da Nutratta”.

Em maio, ela fez uma das denúncias recebidas pelo Mapa, que desencadeou na investigação da empresa. Segundo a advogada, há relatos de mortes de cachorros e bovinos, indicando que a situação pode ser ainda pior.

As mortes, que começaram a ocorrer a partir de abril pelo país, vêm acompanhadas de sintomas neurológicos graves.

O MAPA determinou, no último dia 17 de junho, o recolhimento imediato de todos os produtos destinados a equídeos fabricados pela empresa desde novembro de 2024. A comercialização também está suspensa. Apesar disso, o estrago já está feito: até o momento, mais de 645 animais morreram em ao menos seis estados.

O que diz a Nutratta

Abaixo, leia a íntegra da nota da Nutratta:

"A Nutratta lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao Produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforça que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos, inclusive recebendo os técnicos do MAPA em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas.

Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria - uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.

Assim, diante da situação excepcional, a Nutratta já adotou medidas adicionais de autocontrole. Entre essas ações estão o reforço das análises laboratoriais, revisão dos protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade das matérias-primas vegetais, revisão completa dos processos sanitários internos e reestruturação do layout fabril.

Por fim, a Nutratta destaca que vem adotando todas as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos. Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos.

A Nutratta permanece à disposição das autoridades e da sociedade para prestar os esclarecimentos técnicos necessários, mantendo seu compromisso com a qualidade, a segurança alimentar e o bem-estar animal, valores que sempre nortearam sua atuação."


Foto: Ilustrativa

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Fonte - g1 | Veja | Noticiantes

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